terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Já é natal na Leader Magazine...

E de repente é Natal, luzes piscando na janela&liquidação. O Pai-Noel de todos com suas roupas incompatíveis com um Rio 40º, árvores, presentes. E toda a comida típica, surreal, nozes, panetone, tender, chester, peru, passas, tudo em quantidade tal que sustente a todos, caso a casa fosse um bunker e o mundo um cenário catastroficopósnuclear.

E de repente é Natal, e impressiona pensar tudo isso conseqüência de um só garoto, doismilanos antes nascido. Décimo terceiro salário intimamente ligado a isso, sei não, parece exagero. Claro, deve ser um milagre o garoto nascer se formos considerar as condições pouco higiênicas de uma manjedoura para um recém-nascido, ausência de uma parteira e época na qual aconteceu. Mas lembremos que o rapaz era filho direto do Homem, nascido de mãe virgem, o que deve sensivelmente melhorar as suas chances. Mais do que isso, mais tarde morreu, ressuscitou e ascendeu aos céus. Não devia ser ESSE o feriado grandes coisa pra cristandade?

De repente é Natal, e estou na sala eu, pai, vô –os três ateus, ateíssimos, uns mais, outros menos religiosos. Conversando e um pouco embriagados de vinho e atmosfera, felicidade incontida.

De repente é natal, meia-noite sem estrela guia, e todas essas coisas não tem nada a ver com comércio nem religião.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Sobre ser previdente

Saí de casa munido apenas de minha carteira e celular, sem os quais me sentiria nu, e minha roupa do corpo,sem a qual seria preso. Fui ao banco em uma ensolarada segunda com a despreocupação de quem posterga e atrasa o bater ponto do trabalho numa véspera de feriado e decidido a pensar em meu futuro longínqüo e distante, lá pros idos de 2051, quando pretendo me aposentar. Não sei ainda de que espécime de trabalho ou bico, mas vá lá, ainda tenho 44 anos pra descobrir e fazer a carreira. Enfim, sem delongas: resolvi começar um incrivel Plano de Previdência Privada. (palmas!)

(Pra quem não sabe, o Estado está falido e, por volta de 2041, as chances de você receber uma boa aposentadoria pelo INSS vão ser ainda menores do que a taxa de sobreviência no hiperespaço sem o modelito austronáutico adequado; essa afirmação só não é verdadeira hoje porque não chegamos no hiperespaço ainda.)

Chego lá, imponente, do alto de meus vinte visionários anos e sento de frente a uma mocinha que simpaticamente se dispõe a me explicar exatamente no que é que eu queria me meter. Depois de um período insuficiente de preparo, eis que dispara a primeira e cabulosa pergunta:

- Prefere VGBL ou PGBL?

Tentei. Fiz cara de conteúdo. Não me valeu. Explicou suspirante que um era melhor pra quem declarava imposto de renda de verdade e o outro pra quem não declarava, ou declarava de mentirinha (leia-se: declaração simplificada de IR). Em terreno pouco menos pantanoso, respondi que não, não declarava imposto e assim ela pode decidir qual deles era melhor pra mim.

- Vai depositar quanto por mês?

Achava que uns cinquenta reais

-Cinquenta por mês é o mínimo – declarou triunfalmente. Era uma tentativa cínica de dizer que cinquenta paus por mês não resolve pra um aposentado. Quando você vai querer receber?
Não sabia, ela insistiu “por questões de estudo”. Com 60 anos, eu falei porque parecia insólitamente distante e ela digitou e sorriu só com o canto da boca: isso dá uma aposentadoria de oitocentos e qualquer coisa por mês! Mas falou com escárnio, vendo minha cara de típico branco-pequeno-burguês-comunicólogo-puquiano me desafiando a dizer: ‘Que bom! Isso é suficiente pra um velho doente e inválido que não ganha dinheiro com mais nada!’.

Merda. Eu estava lidando com uma verdadeira profissional. Não disse nada, mas fiz uma nota mental de aumentar a contribuição tão logo pudesse. Ficar velho não é exatamente a Disneylândia, mas ficar velho E sem dinheiro é estar REALMENTE fodido. Mas, por hora, cinquenta pratas ao mês é o que tenho e ponto final.

Algumas desagradáveis perguntas depois (estado civil, pra me lembrar de minha estagnada e, por que não inexistente?, vida amorosa e quem vai ser meu beneficiário, noutras palavras, quem ganha se eu for pro beleléu –bolas, como se ficar velho não fosse suficiente, eu morro e perco os frutos de previdente investimento); algumas desagradáveis perguntas depois, vou embora satisfeito comigo mesmo.

Finalmente posso dormir tranquilo sabendo que tenho garantidos oitocentos paus pros caóticos dias pós III Guerra Mundial (a primeira exclusivamente nuclear!) e dominação global pelos chinas e pelo Google.

Gênio indomável (ai que brega!)

Arthur Rimbaud, Álvares de Azevedo, Kurt Cobain, Wolfgang Amadeus Mozart, Noel Rosa. Gênios que morreram relativamente jovens e deixaram uma obra de qualidade, apesar do pouco tempo que tiveram para produzir. Em comum, a genialidade precoce e a sensação de que poderiam ter feito muito mais. Sabe quem eu acho que pode, no futuro, ser incluída nessa lista? Amy Winehouse.

Calma, ela ainda não morreu, mas se continuar a se destruir da forma que faz, em breve leremos seu obituário (ela está com 23 anos). Tem gente que diz que é marketing, joguinho de cena para atrair a atenção da mídia e aparecer em sites de fofoca. Sei não... ninguém mistura ecstasy, cocaína, remédio de cavalo, vodca e uísque só para chamar a atenção (
leia matéria do Globo Online).

Até porque ela não precisa, porque faz música boa. Longe de mim querer comparar Amy a Mozart, por exemplo, mas é fato que a branquela com vozeirão black é genial. A inglesa compõe suas próprias músicas e as carrega de influências do soul, jazz e R&B americanos, o que, por si só, não quer dizer absolutamente nada. O negócio é que ela faz isso bem pra caceta e, de quebra, com letras inteligentes.

Em Frank (2003), ela tentou misturar pop com jazz, mas não foi tão bem sucedida, apesar do disco ter boas faixas como a debochada Fuck me Pumps e October Song. Mas o melhor ainda estava por vir. Desculpem o vocabulário, mas Back to Black (2006) é do caralho; na minha modesta opinião, o melhor disco de música pop dos anos 2000.

É bem-produzido e não tem nenhuma faixa ruim, mas eu destacaria a famosinha Rehab, Love is a Losing Game, Me & Mr Jones e You Know I’m no Good (que tem um
clipe legalzinho). Mas, a mais avassaladora é mesmo a que dá nome ao disco: Back to Black, uma obra-prima. Músicos fodões, arranjos e melodias bem trabalhados, letras espertinhas. Resumindo: irretocável.

A última semana foi ruim para Amy. No primeiro show de sua nova turnê, em Birmingham, ela foi vaiada pelo público após gaguejar, deixar o microfone cair e sair do palco sem explicações. O produtor da turnê, Thom Stone, se demitiu, supostamente por causa dos problemas da cantora com as drogas. Curiosamente, Amy já demitiu um produtor que pediu para ela se internar numa clínica de reabilitação. Pra completar, volta e meia ela está nos noticiários por coisas que, quase sempre, envolvem doses cavalares de álcool, drogas e pancadaria com o marido.

Apesar dos pesares, o produtor Mark Ronson anunciou que Amy Winehouse está pronta para gravar seu próximo álbum. Como eu acho que não foi por acaso que ela fez o que fez em Back to Black, aguardo ansiosamente o novo disco. Mesmo porque, humor-negro à parte, pode ser o último.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Eu e a Mola

Fui convidado para trabalhar em um congresso de medicina. Na verdade, eu não fui convidado, mas me encaixei em uma das muitas funções inúteis das quais ele necessita, por ser amigo do filho da presidente do laboratório que o organizava (ou seja, nenhum mérito, só contatos). Meu objetivo com isso, logicamente, não era contribuir para o melhor funcionamento do evento, mas sim ganhar uma grana e patrocinar um padrão de vida alto por uns tempos – antes de voltar com tudo para a pindaíba da vida universitária.

A caminho do congresso, fui pensando em que seria utilizado. Eu nunca tinha trabalhado naquilo na vida, seria tudo novidade. Será que tentariam me encaixar numa área de informática para aproveitar as minhas aulas sobre o assunto? Quem sabe eu não iria ter que usar meu inglês e francês tão enferrujados? Não foi nada disso. Eu me considero uma pessoa de capacidades intelectuais acima da média, mas a tarefa da qual eu fiquei responsável não queria nem saber da minha formação: a mim cabia ser porteiro de uma sala, garantindo que cada congressista só entraria nela com um crachá, e que a porta seria fechada após a passagem de cada participante.

Achei a tarefa fácil, e realmente ela era bem simples. Mas acreditem: eu falhei. Nunca fui adepto do cumprimento das leis e regras tais como elas são estabelecidas. Carioca da gema e brasileiro com muito orgulho, sou daqueles que acham que tudo deve ser flexibilizado, que não há nada para o que não haja um “jeitinho”. Assim, eu ficava com pena de barrar as pobres criaturinhas que se esqueciam de pendurar sua identificação no pescoço. Eu não conseguia ser honesto o suficiente para cumprir a lei. Pensava na trabalheira que seria pedi-las para parar, explicar educadamente por que as interrompia e fazê-las pegar o crachá em suas bolsas.

Entretanto, para não me considerar um corrupto incorrigível, resolvi flexibilizar o critério de identificação. Junto do crachá, as pessoas recebiam também uma maleta verde. Portanto, mesmo que o indivíduo não tivesse a identificação no pescoço, poderia entrar se portasse a maleta.

Sim, eu falhei de novo. De cada cinqüenta pessoas que entravam, uma pelo menos não tinha nem maleta nem crachá, mas eu continuava com pena de interferir no seu trajeto. Vendo que eu definitivamente não tinha nascido para cobrar o cumprimento das leis, desisti, resolvi liberar geral. Agora entrava na sala quem quisesse, tinha virado festa. Até a regra 1.1 – não deixar que crianças entrassem – eu desrespeitei quando vi a linda cena de uma garotinha inocente adentrando a sala de mãos dadas com a sua mãe.

Mas eu ainda não queria me ver como um completo inútil. Então, resolvi me concentrar na segunda tarefa: não permitir que a porta ficasse aberta.

Finalmente, o sucesso!!! Era só alguém entrar ou sair da sala sem fechar a porta que, como um raio, eu ia fechá-la. Virei o melhor porteiro do evento. Tá certo que até uma pessoa cheia de bombas, com cara de psicopata e sem crachá entraria na sala, mas com certeza a porta seria rapidamente fechada logo após.

Pensando bem, eu já não sabia se isso era sucesso ou fracasso. Eu nunca fui muito de trabalhar, mas como todo jovem, sempre sonhei que seria um grande estrondo na minha carreira. Agora, no primeiro emprego, estava ali como um fechador de portas. O que diria a minha mãe que gastou rios de dinheiro na minha educação? Saber línguas como inglês e francês; conhecer pensadores como Montesquieu, Marx e Weber; entender inutilidades, como por que a vaca produz leite e o gelo afunda na água, enfim, qualquer coisa que me havia sido ensinada nos últimos 15 anos era inútil quando o foco estava em empurrar uma porta. Resolvi parar de pensar e voltar a me concentrar na minha pseudo-utlidade para não ficar deprimido.

Foi então que notei a minha macabra semelhança com uma mola. Eu estava fazendo exatamente o serviço dela. Pensando melhor, agora eu era completamente descartável. Uma mola faz o meu serviço e não come, não tem sede, não tem sono, não é corruptível e nunca dá eventuais saidinhas para ir comer o amendoim dado de brinde nas barraquinhas ao lado. O pior de tudo é que eu custava 150 reais por dia, a mola, dois reais na esquina. Sinceramente, eu me despediria.

Fiquei aflito, meu primeiro emprego estava em perigo. Havia virado um simples homem-mola. Se a minha chefe me notasse, certamente me demitiria e colocaria uma mola na porta. Seria triste eu voltar para casa mais cedo e decepcionar todos aqueles que acreditavam no meu potencial. Não podia continuar assim. Teria que me diversificar se quisesse durar na profissão de tapa-buraco de congresso. Rumo aos crachás de novo! e seja o que Deus quiser.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O guarda-chuva e o individualismo

Dias de chuva sempre conduzem a boas reflexões. Aquele tipo de discussão, de que depende toda a sua vida, surge nesses dias. O guarda-chuva sempre foi um objeto incômodo para mim. Incômodo por denunciar demais. Eu o elegeria como o símbolo máximo do individualismo na sociedade. Quer algo mais individualista que um guarda-chuva? É anatomicamente feito para uma pessoa só. Não conheço ninguém que se sinta bem, dividindo um guarda-chuva, independente do tamanho deste. Não dá! A pessoa sempre reclama que está pingando nela. Então, você tem que se contorcer para dar para os dois. Por mais que você aceite a suposta solidariedade daquele que se propõe a dividi-lo com você, fica sempre aquela sensação de que “tem gente demais aqui!”. E há também o perigo potencial do dito cujo. Já perdi a conta de quantas pessoas quase ceguei andando com aquilo.

Acho que se pode dizer muito sobre quem consegue manejar bem um guarda-chuva. Para começar, essa pessoa é muito equilibrada física e emocionalmente. No mínimo. Nada de comportamentos demasiadamente passionais. Saber a hora certa de dar aquela sutil “viradinha”, para não esbarrar com o outro que vem em sua direção, é uma arte! Sem contar que é também um desejo subconsciente de não se misturar e evitar dirigir-se ao infeliz para pedir desculpas. É o tal do “comportamento de reserva” do Georg Simmel. Aquele mesmo que faz com que, às vezes, se torne tão difícil se dirigir ao padeiro às 7 da manhã ou segurar o elevador quando você tem a opção de um trajeto livre do silêncio constrangedor. Então passamos rapidamente uns pelos outros, fazendo um enorme esforço para não sairmos de nosso taxímetro mental. Não importa se você está parado no ponto de ônibus e há alguém secretamente desejando que você ofereça uma cobertura. Quem mandou esquecer o guarda-chuva em casa, hein? Não vivemos mais no tempo em que dividir um guarda-chuva era exatamente isso: dividir um guarda-chuva! Somos de um tempo que teme sociopatas, psicóticos, ladrões, muitas vezes vítimas e frutos do mesmo individualismo de aqui falo.

Cultivamos um olhar cada vez mais blasé em relação ao outro. Às vezes, um simples artefato do cotidiano e como fazemos uso dele pode denunciar a distância emocional em que nos encontramos. Talvez um dia passem a fabricar“guarda-chuvas solidários”. Até lá, vamos pegando chuva mesmo ou usando casaco com capuz, só para garantir. Ah e é claro que é muita falta do que fazer minha escrever um texto falando sobre o que eu acho do guarda-chuva. Mas é o que eu disse. Dias de chuva. Falta do que fazer, oficina da bobagem...E como disse o Cazuza, "o que salva a gente é a futilidade".

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Putz!

Eu podia muito bem falar mal do concurso 'Estilo Puc'. Podia muito bem dizer que é uma grande babaquice que chegou a causar furor no G1. Que professor ter liberado da aula pra assistir é um absurdo, que 'tie-dye futurista' é o meu cu, que a menina estar no nono período de um curso com oito diz alguma coisa sobre ela, que eu nunca vi tanto disparate em declarações etc&tal.

Mas aí eu estaria sendo preconceituoso, quiçá recalcado pelo fato de não ser a garota mais estilosa da PUC. Me espanta, entretanto, que o PUC pela Paz, evento talvez de interesse mais amplo porque não limitado ao âmbito do campus esteja sendo tão amplamente ignorado.

(Mas, novamente, quem sou eu, só um rapaz preconceituoso e recalcado.)

Ps. estou organizando uma caravana pra Oz; eu vou buscar o meu estilo, sugiro as senhoritas participantes de tão glorioso concurso que acompanhem. Ouvi falar de um espantalho que até conseguiu um cérebro.

sábado, 10 de novembro de 2007

Ele está pra chegar

Final de ano chegando e com ele o personagem que inferniza nossas semanas pré-pós-natalinas. Não é o Papai Noel, não é a Xuxa (onde anda ela?), mas é tão óbvio quanto. Sim, é ele, o Rei Roberto Carlos!

Daí começam as piadas e os comentários tão previsíveis quanto o próprio cantor: ele não produz nada de novo há anos, ele está decadente, os especiais são todos iguais, e claro, não poderia faltar a inevitável comparação de Roberto com o panetone, afinal, ambos só aparecem no Natal e na Páscoa...

Ok, todos estão certos, ele foi (quase) sempre um xarope e ninguém o agüenta de uns anos pra cá. Mas isso é chover no molhado. Estou aqui para dizer com todas as letras o seguinte: sou fã do Roberto. Pronto, falei.

Reparem que não usei aspas quando me referi a ele como Rei. Dispensei qualquer ironia, sabem por quê? Porque de alguma forma esse título faz sentido. E não é só pelos recordes de vendas e o marketing avassalador que cerca o cantor ao longo de seus 48 anos de carreira. Basta ouvir com sensibilidade e um pingo de honestidade – essa é a palavra – a sua produção mais criativa, que vai de 1965 até, mais ou menos, 1976. Não há nada parecido na música pop do Brasil. Digo música pop porque o termo MPB surgiu no final dos anos sessenta carregado de preconceito. Era uma maneira de separar a “boa música”, feita por uma elite intelectual e nacionalista, da música jovem e alienada que vinha do exterior em forma de guitarras e histeria. Até hoje é um pouco assim, apesar da decisiva intervenção tropicalista. Naquele momento, portanto, o oposto de MPB era Jovem Guarda e Roberto Carlos.

Não quero entrar na história do movimento, discutir seus defeitos, qualidades e influências (ô teminha polêmico!), mas imagine uma seqüência musical com É Proibido Fumar, Negro Gato, Eu Sou Terrível e Você Não Serve Pra Mim. A festa está pronta. É irresistível!

A partir de 1968, Roberto entrou na melhor fase de sua carreira. As baladas adolescentes deram lugar a belíssimos temas românticos – sem ser piegas, acreditem! – e o rock’n’roll ingênuo virou black music tupiniquim de primeira. Quem nunca cantou inconscientemente os versos de Se Você Pensa? - Daqui pra frente tudo vai ser diferente, você tem que aprender a ser gente, o seu orgulho não vale nada! - A MPB que torcia o nariz para aquele imitador de João Gilberto agora descobria um tremendo compositor e intérprete de estilo inconfundível.

Além de afinadíssimo, o cantor desenvolveu um fraseado impressionante. Ouçam, por exemplo, a gravação original de Sua Estupidez, de 1969. O ritmo, a respiração, o tempo que ele entra nos versos, nada é convencional. O mesmo acontece em As Curvas da Estrada de Santos. Isso pra não falar das letras inspiradíssimas, simples e profundas. Roberto e Erasmo estavam compondo como nunca. Não à toa essas canções foram gravadas na mesma época por Gal Costa e Elis Regina respectivamente. São ainda desse período as memoráveis As Canções que Você Fez pra Mim, As Flores Do Jardim Da Nossa Casa, Detalhes, Como Dois e Dois (presente de Caetano), Debaixo Dos Caracóis Dos Seus Cabelos (a retribuição), Todos Estão Surdos, e mais, muito mais.

E Roberto, quem diria, fez até música sobre maconha (!!!) com Erasmo. Ela se chama Maria Joana (pescou o trocadilho infame?) e está no indispensável Carlos, Erasmo, de 1971.

Depois desse período, Roberto foi perdendo o rumo. As boas canções eram cada vez mais raras. Continuou vendendo horrores – o auge foi o álbum Roberto Carlos, de 1981, com três milhões de cópias incluindo o mega-sucesso Emoções - e firmando a imagem cafona de latin lover. Passou por fases constrangedoras. Teve a “defesa da Amazônia”, as homenagens às “mulheres comuns” (gordinhas, baixinhas, quatro-olhos...) e até funk com Mc Leozinho no ano passado. Sem falar da intensificação das canções religiosas, MUITO diferentes da pulsante Todos Estão Surdos, de 1971. Foi o fundo do poço.

Numa recém-divulgada lista (ó, listas!) dos 100 maiores discos da música brasileira feita pela Rolling Stone, Roberto aparece com quatro álbuns. Não é pouco considerando a concorrência. São eles Jovem Guarda (1965), Em Ritmo de Aventura (1967), O Inimitável (1968) e Roberto Carlos (1971). Eu ainda acrescentaria o RC de 1969.

O jornalista Pedro Alexandre Sanches, autor dos livros Tropicália – a decadência bonita do samba e Como dois e dois são cinco – Roberto Carlos (& Erasmo & Wanderléa), diz uma coisa que concordo mais a cada dia: “Erasmo e Roberto são a espinha dorsal da música popular brasileira, de toda e qualquer música brasileira”.

Vale pensar (e ouvir), concordando ou não.

E claro, assistirei ao Especial apesar dos pesares.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Superbad - É Hoje

O filme começa com uma conversa de celular sobre qual site pornô ele deveria assinar. Termina com numerosa variedade de desenhos com caralhos. Não que seja mais ou menos escandaloso que a maioria - pra falar a verdade, é ligeiramente menos grosseiro que 'O Virgem de 40 anos' dos mesmos produtores e/ou diretor-, mas brinca com nossas idéias feitas, preconceitos e clichês na já tão profundamente documentada sexualidade teen/young adult atual, vide American Pies & Cia, na Blockbuster mais perto da sua casa.

O filme é um besteirol deslavado, só pra quem não tem medo de perguntar se Truffaut é de comer - eu não tenho, e, aliás, o François vai bem com creme de leite. Mas fica um residual que é o seguinte. Essa garotada (a nossa geração) tá em uma fissura quase compulsiva por sexo sexo sexo. Ultrapassa questões ideológicas e até de puro prazer carnal. É sexo pelo sexo, sem bandeiras, sem objetivo, sem nada. Pansexualismo, sexo homossexual, sexo anal giratório, boquete, Kama Sutra, punheta, dominatrix, inversão de papéis e vai...

Aí ficam, fascinados pelo Ato, de uma lado a geração wohooo(!!!) e do outro os pudicos de plantão. E gente esquizofrenicamente pairando: pudico querendo ser wohooo(!!!), wohooo(!!!) querendo ser pudico e gente perdida no meio. Mas todos eles absorvidos, envolvidos na divina aura sexual -divina por ser mística, divina por não sê-lo.

Quer saber?!? Foda-se.

E tenho dito.

sábado, 3 de novembro de 2007

Politicamente correto

Hesitei em escrever esse texto porque eu acho que vou ser xingado. Mas, sei lá, quando eu pensei esse blog junto com o PH e, depois, com o Nuno e a Elis, tinha a idéia não só de fazer uma montoeira de textos, mas um espaço pra algum debate. Tá bom, vamos parar de enrolação, eu quero é botar lenha na fogueira!

Odeio esse lance de politicamente correto, acho um porre. Nada pessoal, Elis. Não digo que seja seu caso, mas muitas vezes é pura hipocrisia. Eu nunca quis ter um boneco do Comandos em Ação tetraplégico e nunca brinquei de Jaspion maneta. Não sei até que ponto ter bonecos como esses me faria uma pessoa melhor e mais tolerante.

Que fique claro, não sou preconceituoso e defendo a inclusão social. Acho que nossos políticos têm que investir em calçadas melhores, exigir adaptações nos ônibus, e essas coisas todas. Mas esse debate tem limite, tem momentos que ele beira o ridículo.

Parapan, por exemplo, é muito chato! Mais chato ainda é a discussão sobre a pouca atenção que a massa dá a ele. A Olimpíada (e o Pan também) é, por definição, excludente. Só jogam os melhores, mais fortes e mais rápidos. Eu nunca vou poder disputar uma Olimpíada porque, assim como um deficiente físico, eu não nasci forte o suficiente.

Da mesma forma que uma pessoa sem perna não consegue jogar na Seleção, eu, Nuno e PH juntos também não conseguimos roubar uma bola do Robinho. Claro, deficientes têm direito a jogar futebol, a competir, mas não podem esperar – como muitos pregam – que o jogo de futebol de cegos tenha a mesma atenção do Campeonato Brasileiro. Ninguém nunca se interessou nas minhas peladas de quarta-feira também.

Vale ler uma entrevista do site Mídia sem Máscara com o filósofo Vladimir Volkoff em
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=1930. Ele é também um crítico contundente do politicamente correto.

Boneca com síndrome de down? Sei não, parece brincadeira de mau gosto.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Baby Down

Gente, vou fazer aqui uma campanha social. Não, não é novela da Glória Perez e nem do Manoel Carlos. Mas é que acabei de ler em um portal de notícias que uma empresa de brinquedos espanhola lançou bonecos com aspectos físicos semelhantes aos de bebês com síndrome de down. Disponíveis nas versões masculina e feminina, cada brinquedo custa o equivalente a R$64,00. Achei bacana a iniciativa da empresa e o preço é bom. Claro, foi uma estratégia de marketing. Mas a intenção de conscientizar e promover a integração entre as crianças e, assim, reduzir o preconceito é extremamente válida.

Quando eu era pequena, não entendia porque todas as bonecas eram brancas. Ficava vendo nas ruas crianças negras com bonecas brancas e achava aquilo muito estranho. Tenho visto uma melhora nesse aspecto. Há dois anos comprei uma boneca negra pra minha irmã, que é bem branquinha. E havia uma loira do mesmo modelo na prateleira da loja. Ela adorou o presente! Acho que isso quebrou um padrão que ela tinha na cabeça. E deve ter quebrado o de muitas meninas por aí. Pelo menos, espero. Mas até hoje é a única “filha” negra que a Clara tem. De repente, não por falta de iniciativa daqueles que a presenteiam, mas por falta de opções no mercado.

A Baby Down, da marca Superjuguete, ainda está à venda apenas em quatro cidades da Espanha. A fábrica garante que 3 três euros de cada boneca vai ser destinado à Fundación Down España. Espero que chegue logo ao Brasil. Com um preço módico, acho que ela tem tudo pra ser sucesso. È só a gente querer.

Ele é brasileiro...

Um Fulano foi preso ontem em Recife tentando estrangular sua mulher -internada em um hospital, por sinal.

Aliás, não era essa a primeira vez que ele tentava. Naquele sábado, quando sua mulher foi internada por conta de um AVC, o obstinado marido havia tentado matá-la, mas foi frustrado e conseguiu escapar da segurança.

Ah! Antes que esqueça: o AVC aconteceu em decorrência de agressão do seu (rufem os tambores)... MA-RI-DO (Palmas! Palmas!).

Os carcereiros que se cuidem... esse cara quer por que quer matar o diabo da mulher. O que ela fez, não diz a notícia. Esses jornalistas teimam em deixar passar o que realmente importa.

Agora, já tô até vendo, 30 segundos intervalo do JN:

A dedicação e esforço de Fulano fazem dele um exemplo para todos os brasileiros:

FULANO É BRASILEIRO E NÃO DESISTE NUNCA!

domingo, 28 de outubro de 2007

Viva o Ringão!

Ringo costuma ser lembrado como o beatle mais simpático e fanfarrão. Às vezes ouvimos falar mais de seus dotes como ator e comediante, presentes nos primeiros filmes da banda, do que de seu talento musical. O fato é que é covardia competir com John, Paul e George. Qualquer um ficaria intimidado com a concorrência. E claro, Ringo nunca foi um puta compositor, mas teve seus momentos inspirados com e sem a banda.

O recém-lançado Photograph: The Very Best of Ringo Starr é a compilação desses momentos em carreira solo, e por isso mesmo é discografia obrigatória. Act Naturally é a única música originalmente lançada com os Beatles. No entanto, ela aparece numa versão de 1989, com Buck Owens.

Todos os ringohits estão aqui, a começar pela música que dá nome ao álbum, It Don’t Come Easy, You’re Sixteen (You’re Beautiful and You’re Mine), No-No Song, Good Night Vienna... Ringo passeia desinibido entre o pop, o rock’n’roll, o country e a balada, além de reunir composições e participações dos outros Beatles. Diversão garantida.

Ao ouvir e ler com atenção a trajetória do cara, descobrimos porque Ringo sempre foi um talentoso showman. Pouca gente sabe, mas antes de ingressar nos Beatles substituindo Pete Best, o baterista era um dos músicos mais requisitados de Liverpool, não só pela competência com as baquetas, mas também por saber cantar. Com a banda, revelou-se mais do que um animador de auditório. Além de músico eficiente e preciso, Ringo mudou a forma de tocar, gravar e afinar bateria, sendo muito copiado posteriormente. Foi uma espécie de “revolução silenciosa”. Viva o Ringão!

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Treinadores, baixinhos e bacalhaus

Para diversificar ainda mais a (ausência de) linha editorial do Canteiro Cabul, o editor-chefe me encomendou um post sobre futebol. Rejeitei de primeira, mas ele ameaçou me enviar para a fronteira do Iraque com a Turquia para cobrir a guerra. Como não falo turco nem curdo, aceitei o pedido.

Sou flamenguista e, como todo bom rubro-negro, não vou muito com a cara do Vasquinho (nada pessoal, PH!). Mas foi divertido assistir o Romário como treinador. Sou fã-zaço do Baixinho, disparado o melhor jogador que vi atuar, e quase – veja bem, quase! – torci para que o Vasco ganhasse sob o seu comando. Foi engraçado vê-lo dando instruções na beira do campo e depois se aquecendo para entrar no segundo tempo. Cena histórica.

Sei que muita gente não gosta do Romário. Tá certo, o Peixe é marrento pra caramba, mas ele pode. O cara veio lá de baixo e conseguiu fazer o que quis; a marra é o jeito dele bater de volta na vida.

Ele é baixo e fraco, de temperamento difícil, personalidade forte (o que é péssimo no futebol) e avesso a treinos. Mesmo assim, conseguiu fazer quase tudo o que quis. Ganhou uma Copa praticamente sozinho, foi eleito melhor jogador do mundo, ganhou Campeonato Brasileiro, Espanhol, Holandês e foi artilheiro em todos os clubes que passou. E, como não podia deixar de ser, está em qualquer lista que se preze de melhores jogadores de todos os tempos.

Agora, além de tudo, ganhou ontem também como treinador: 1 a 0 pro Vasco, apesar da não-classificação na Sul-Americana. Já que dificilmente será técnico novamente (como ele próprio declarou), fica com 100% de aproveitamento!

Romário diz que Deus apontou pra ele e disse “Você é o cara”. É, de repente ele tá certo.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Essa Coca-Cola é light...

Gente, o Dumbledore, aquele bruxo com barba branca comprida da série Harry Potter, é gay! Quem contou foi a própria autora do livro, J.K. Rowling, num evento no Carnegie Hall de Nova York. Então eu acho que a fofoca deve ter algum fundamento.

Depois que o Raikkonen foi campeão no GP do Brasil, eu não duvido mais de nada, mas essa história está muito mal contada. Sei não, isso me soa uma jogada - muito bem feita - de marketing.

Confesso, li todos os livros, menos o último! E nunca vi nenhum indício de que o diretor de Hogwarts gostasse de comer outro tipo de fruta. Fãs já discutiam há tempos sobre a possível sexualidade do vovozinho, mas fãs discutem sobre qualquer coisa depois que lêem o livro e vêem o filme pela 5.678ª vez.

A espertinha deve ter visto que estavam discutindo se o Dumbledore era ou não era homossexual. De manhã cedo, assistiu na BBC uma reportagem dizendo que o público gay forma um puta mercado em potencial, pouquíssimo explorado. Tico e Teco trabalhando... dois dias depois:

- Eureca! - e Dumbledore virou boiola.

Ela chegou a contar uma história de que ele fora apaixonado no passado por um inimigo e essa frustração amorosa o traumatizara por toda a vida. Detalhe: ela não fala nada disso em nenhum dos 7 – sim, sete! – livros.

Pra mim vale o que tá escrito. Claro, podem ter coisas subentendidas, omitidas ou entrelinhadas, de resto é puro joguinho para vender mais livros.

No mais, já pipocam diversas comunidades no Orkut como “Dumbledore virou purpurina” e “Dumbledore é gay! Eu já sabia”. Tá, eu admito, tem sua graça...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Uma explicação para o inexplicável

Eu sei que estive sumida por um tempo. Não, eu não sumi como a Madeleine. Meus pais não foram acusados de me matar, esconder meu corpo e depois anunciar o meu desaparecimento durante essa temporada em que não postei nada aqui. Também não enchi o saco ou desisti do blog. E nem do jornalismo. Agora você deve estar pensando: “Essa colaboradorazinha escreveu dois textinhos mixurucas e já se sentiu no direito de tirar férias!” Engano seu, caro leitor.

O motivo da minha ausência se deve a um fato não muito agradável de ser publicado. Num trabalho sério, poderia até resultar em demissão. Mas como aqui não corro esse risco, já que sou uma das fundadoras, vou botar a boca no trombone. O que esteve pegando durante esse período foi a ausência de incentivos do nosso editor-chefe. No final do mês de setembro, saldo da conta corrente anunciando R$0,00 na tela do caixa eletrônico, fui pedir ao Todo Poderoso do Canteiro uma ajudinha para ir ao teatro. Pedido negado. O blog está em fase de contenção de gastos. Tudo bem, tudo bem. Fico uma semana sem escrever, não vai ter problema. Até lá, recebo o paItrocínio do mês e vou assistir a uma peça. Eis que chegaram as semanas de provas. E lá se vai boa parte do dinheiro para as inúmeras xérox tiradas de uma última hora, como é de praxe. Novamente, pedi a colaboração Dele. E, novamente, tive pedido negado. Saí da sala da chefia com o rabinho entre as pernas. Passei as quatro semanas sem escrever e ouvindo cobranças do chefe quanto à minha falta de responsabilidade em relação ao trabalho. O que ele queria? Que eu plantasse dinheiro no quintal?

Como é que se recruta estudantes de comunicação para serem colaboradores de um blog, se não dão a ele condições de trabalho? Fique sabendo, seu editor-chefe, que avareza é pecado. E trabalho escravo também. Além de mal remunerados, somos cobrados por aquilo que não podemos fazer, mas querem que a gente faça: milagre. Transformar uma nota de um real em uma de 50 para pagar uma entrada no teatro não é mole, não! Me desculpe, leitor, me desculpe por ser obrigado a ler meu desabafo. Mas é assim mesmo que as coisas funcionam. Sorte sua se não tem um chefe pecador. Estou de volta ao trabalho, com ou sem dinheiro. De algum jeito esses textos vão ter que sair. Obrigada.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Se correr o bicho pega e se ficar...

A história se dá mais ou menos assim: um cara, escritor, resolve que quer comer a namorada. Ok, problema nenhum, até saudável esse lance, relaxar e gozar. O problema é que ele resolveu que ia comê-la de uma maneira muito pouco ortodoxa.

Sadomasoquismo? Bah!, que coisa mais careta.

A fantasia do cara envolvia panelas, facas & temperos. Alguém arrisca agora?

SIM! Trata-se de um clássico caso deeeee Ca-ni-ba-lismo senhoras e senhores. Ao ser visitado por policiais armados em busca de sua desaparecida namorada, tentou fugir antes de ser pego. Eles encontraram: uma namorada esquartejada, restos de carne humana na panela e na geladeira e, last but not least, um romance inacabado "Instintos Canibais ou Doze Dias" que versa sobre 'antropofagia, sexo, sadomasoquismo e coprofagia' (o que quer que seja isso).

Apesar de toda essa cara de filme B, isso de fato aconteceu. E pros chatos de plantão prontos pra dizer mais uma vez 'Tinha que ser nos EUA', o ocorrido se deu no México.

Outro caso beeeem bacana de canibalismo é o de um alemão. Peculiar por alguns motivos. O primeiro deles é que o cara pode ser solto daqui a algum tempo bom bom comportamento, outro é que tem um livro escrito sobre ele, acho que do legista do caso. Agora, o bacana bacana mesmo do causo é que o canibalizado pediu pra ser comido. Calma!, piora: conheceram-se na internet, numa comunidade canibal (?!?), onde se reúnem pessoas que tem gosto pela coisa, comedores&comestíveis.

Em entrevista ele disse ser fascinado pela história de João e Maria, aquela que a bruxa põe o rapazinho na engorda pra devorá-lo. Disse ainda que ficaríamos impressionados com a quantidade de Joãos e Bruxas por aí...

Papo findo, vou-me indo. Esse assunto dá uma fooome...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

1001 discos para ouvir antes de morrer

Que a franquia Cabul não é o único filão editorial rolando por aí, isso não é novidade. Mas, foi numa tarde ociosa que descobri uma forte concorrente para a nossa querida capital afegã. A onda agora é fazer listas mórbidas. E angustiantes. É tudo que você precisa ler-ouvir-ver-conhecer-fazer-etc-etc-antes de morrer. Só falta o 1001 posições para trepar antes de morrer, mas para isso já existe o Kama Sutra e a revista Nova. A febre dos "Antes de Morrer" – assim chamarei esses livros – já registra nove ocorrências no Submarino, superando as sete da busca por Cabul.

Eis a “lista das listas”:

101 coisas a fazer antes de morrer
100 coisas para fazer ( antes de morrer )
1.000 lugares para conhecer antes de morrer
101 bares para beber antes de morrer
Dez coisas divertidas a fazer antes de morrer
1001 livros para ler antes de morrer
1001 discos para ouvir antes de morrer
300 filmes para ver antes de morrer
1001 filmes para ver antes de morrer

Convencido de que não conseguiria cumprir todas essas metas, decidi me concentrar no recém-lançado 1001 discos para ouvir antes de morrer. Pelo menos eu já ouvi - e pra valer - uma parte dessa lista.

Ela é correta na maior parte das vezes, dá conta dos movimentos musicais mais importantes dos últimos cinqüenta anos, possui ótimos textos e informações técnicas de cada álbum, mas deixa alguns furos, começando pela abrangência do título, que não explica se tratar quase exclusivamente de discos pops e de artistas surgidos na segunda metade do século XX. Uma compilação clássica de Robert Johnson, pai do blues e do rock’n’roll, não seria mais essencial do que ...Baby On More Time de Britney Spears (pág. 852)? A opção por excluir coletâneas e evitar ao vivos produziu distorções como essa.

A subjetividade do Editor Geral Robert Dimery também levanta algumas polêmicas. Por exemplo: não há sequer um disco de Cat Stevens. Nem o sensacional Tea for the Tillerman, de 1973. Em compensação, Sweet Baby James (1970), do quase sempre meloso James Taylor, ganha um enorme destaque. Outra para beatlemaníacos: o genial All Things Must Pass, primeiro álbum solo de George Harrison, ganha um textinho minúsculo, enquanto McCartney, o primeiro e controverso disco de Paul, ocupa uma página inteira. Na minha opinião totalmente isenta, o disco de George merecia umas cinco páginas e o de Paul umas três.

A música brasileira aparece muito bem representada, mas sem surpresas. Estão lá a Bossa Nova de Getz/Gilberto (1963) e Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim (1967), o tropicalismo dos primeiros álbuns de Caetano e dos Mutantes, Construção (1972), de Chico Buarque, Clube da Esquina (1972), de Milton Nascimento e Lô Borges, Falso Brilhante (1976), de Elis Regina, entre outros.

De qualquer forma, 1001 discos para ouvir antes de morrer é um importante e prazeroso aliado nas produtivas noites de Internet. Você fecha os olhos, folheia o livro com o dedo indicador apontado para baixo e pronto. É correr para baixar.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Stardust

Em despretensiosa noite de sábado, entre um jogar bola e uma festa de aniversário, topei ir em Botafogo pra conferir Stardust. Evidentemente, o Prosa&Verso do dia em muito ajudou o convencimento: a história é do Neil Gaiman, o taaal do Sandman etc&tal. Com isso o meu 'não tou muito afim de ver' -explicado por um dos piores traillers que eu já vi- mudou, de súbito, para 'PRECISO ver'. E não decepcionei nem um tiquinho.

Stardust é uma história de fantasia: um rapaz se propõe a buscar para a muher amada uma estrela cadente que caiu do outro lado do Muro. O outro lado do muro (EVIDENTEMENTE) é um universo paralelo, com bruxas, magia, e toda sorte de criaturas e aventuras esperando o protagonista. Vale lembrar que o elenco é pontuado por Robert De Niro e Michele Pfeifer, de capitão homossexual de um navio voador e bruxa má, muito má mesmo, respectivamente. A história se enrola quando os candidatos à sucessão do reino -que possuem o hilário costume de matar uns aos outros-e as irmãs bruxas vão atrás daquela mesma estrela que o rapaz procura. A partir disso, TUDO acontece.

Algumas virtudes: 1) deixa claro algumas lições bacanas e o melhor de tudo moralismofree; 2) serve bem a todos os públicos; 3) um final bonitinho sem ser idiota.

Pra quem ainda assim não quiser ver: o Robert De Niro aparece travestido. Se isso não vale o ingresso, não sei o que mais pode.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Breve ausência

Canteiro Cabul esteve fora do ar para balanços.
Boas notícias: já recuperamos todo o dinheiro investido em sua criação, um feito não só para um veículo comunicação como para qualquer setor empresarial.
Dito isso, nossos autores estão ansiosos para nos trazer mais do melhor conteúdo comunicativo da internet.

(Aviso aos colaboradores: TRABALHEM, PORRA!)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

FARSA!

Encontro-me em delicada situação.
Meus companheiros bloguísticos não querem abrir o jogo. Eu, em respeito aos nossos leitores, falarei.
O contador que se encontra imediatamente abaixo do último post é uma farsa! Eis como funciona o golpe desses malfeitores:
O contador aumenta em um para cada page view; noutras palavras, cada vez que se entra na página, ele armazena essa informação. Nada de errado até agora. Mas eis que surge a primeira maquinação: a cada atualização da página, outra entrada é feita, é também contabilizado, o que já começa a distorcer os nossos resultados. E isso não é o pior.
Contando com a compulsão de um dos colaboradores -compulsivo por ver atualizações ou comentários- o contador aumenta meteóricamente.
"É foda... Dá vontade de ver. Vai que alguém comentou? Ou que alguém escreveu? Eu não me seguro", declarou N.C.C.C., que preferiu não se identificar. Segundo estimativas do próprio, das 395 vizualizações feitas até o escrever dessa reveladora matéria, algo próximo de 30% se devem a sua compulsão.
Há suspeitas de atitude semelhante entre outros membros, bem como um possível laranja, uma pessoa cuja página principal foi configurada para ser o Canteiro, de forma a burlar o sistema e contabilizar ainda mais entradas.

Ajude a denunciar essa vergonha!

Só mais um e...

acabou!

Acabo de terminar 'Crônicas de um Amor Louco', do (ganha um doce quem adivinhar...) veeelho safado Bukowski. Pra quem me acompanhou nas últimas semanas, viu uma overdose: 'Numa Fria', 'Cartas na Rua' e agora o 'Crônicas...'. Ainda tem na biblioteca da faculdade o 'Notas de um Velho Safado', mas por hora chega do Homem.

Depois de todas essas leituras, que alternam uma dose de loucura e extrema lucidez, safadesas e perversidades -necro e pedofilia inclusos- tenho a certeza de que gosto mesmo do velhinho. O lance é não se escandalizar, levar na boa, a gente releva tanta coisa pior hoje em dia...

Como mensagem final: ok, o Cara tem seus lances de escrotidão profundos e um certo gosto pelo chafurdar na lama (fez disso um esporte e religião). Mas pra além disso, dessas palavras de escândalo, há um tanto de lirismo que só lendo.

Fica pra vocês na íntegra o poema que me fez gamar no Bukowski, vão me perdoar a falta de título e a estrutura, porque estou tentando lembrar tudo de cabeça. Ia mais ou menos assim:
'Waiting for death/ like a cat/that will jump on the bed// I´m so very sorry/ for my wife// she will see this/ stiff white body/ shake it once/then/maybe again:/ Hank!/
But Hank won´t answer// it´s not my death/ that worries me/ it´s my wife/ left with this pile of nothing// I want to let her know/ though/ that all night sleeping besides her/ even the useless arguments/ were things ever splendid//
and the hard words I´ve ever feared to say can now be said: I LOVE YOU'

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Madeleine


Pra quem não conhece a história, vou dar uma resumida. Essa menina bonitinha de 4 anos aí da foto é Madeleine McCann. Ela é britânica e supostamente desapareceu em um hotel de Portugal, há uns 5 meses, enquanto seus pais estavam jantando. Supostamente. Depois de muito chororô da mãe, comoção internacional (inclusive do Papa), polícia pra cá, polícia pra lá, acharam uma amostra de sangue da menina no carro que os pais alugaram e detectaram doses cavalares de tranqüilizantes. Ou seja, os pais são os principais suspeitos da morte de Madeleine.

Nessa terça vazou na imprensa essa foto aí de baixo. Uma turista passeando pelo Marrocos fotografou uns nativos e “achou” Madeleine. Os meios de comunicação do mundo inteiro deram cartaz pra essa foto, como se fosse a descoberta investigativa do século. Caceta, olha pra foto! Tá mais desfocada que visão de míope sem óculos; essa menina podia ser Madeleine, uma anã loira, Sasha ou até mesmo uma daquelas bonecas grandonas.



Claro que logo no dia seguinte, um repórter foi lá e descobriu que a garotinha não era Madeleine coisa nenhuma. O nome dela é Bouchra (na foto, a menina da esquerda), tem três anos, é marroquina e é muito – mas muito! – diferente da menina britânica. Pra confirmar (precisava??) os pais, assustados, mostraram a certidão de nascimento da menina, provando que Bouchra não era Madeleine.



O absurdo é a imprensa noticiar isso sem nenhuma filtragem. Na ânsia de não ser “furado” pelos concorrentes, quase todos os veículos do Brasil e do mundo deram a notícia. Será que ninguém se questionou que a foto estava absurdamente desfocada e que aquela garotinha loira poderia ser qualquer garotinha loira de 3, 4 ou 5 anos?

Ontem um policial português declarou que esse tipo de notícia é uma forma dos pais de Madeleine, principais suspeitos de sua morte, desviarem a atenção deles. Mas é claro! Pelo menos alguém sóbrio no meio dessa história. Entendo a comoção das pessoas, sei que ela é uma gracinha e dá muita dó imaginar que tenha morrido, mas foi o que aconteceu. Os pais irresponsáveis quiseram sair, sem crianças pra encher o saco (ela tinha dois irmãos gêmeos que também dormiam no hotel), abarrotaram a menina de remédio pra dormir e foram dar uma volta. Se arrependeram e agora tão “achando” Madeleine em todo canto.

Madeleine pode estar aí pertinho de você, tomando sorvete na praça, andando de metrô, comendo pipoca ou passeando com o cachorro. Sua filha, sua irmã, sua prima. Todas podem ser Madeleine. Até aquele priminho loiro que deixou o cabelo crescer.

domingo, 23 de setembro de 2007

Lágrimas no escuro

Duas semanas após ter visto o lindo drama russo O pequeno italiano, levo um verdadeiro soco no estômago ao ver Querô. O tema é o mesmo: o abandono. Mas os filmes têm realidades e modos muito distintos de lidar com o assunto. Se em O pequeno italiano o personagem (e a platéia) pode transitar entre dois universos, o da esperança e o da desesperança, Querô angustia pela percepção que imediatamente transmite, de que qualquer tentativa de fuga do personagem daquela realidade será infrutífera. Baseado na obra de Plínio Marcos, Querô é um menino órfão de uma prostituta suicida que sobrevive como pode nas ruas da cidade. O filme de Carlos Cortez remete ao inesquecível Pixote, a lei do mais fraco, de Hector Babenco, e para quem viu os dois, a constatação é desoladora: nada mudou daqueles anos 80 para cá.

Todos nós conhecemos Querô e é esta intimidade que é inquietante. O filme tem sem dúvida um caráter documental. Somos vítimas destas vítimas. Todos já escutamos ou estivemos em histórias de assaltos pelos famigerados “pivetes”. Entretanto, ao longo da trama, é impossível se escapar à dolorosa conclusão de que eles são tão mais vítimas do que nós. Vítimas da sociedade, de um sistema econômico excludente, vítimas de si mesmos e de sua própria impotência frente a um mundo que começam a conhecer e que tão poucas ilusões oferece. Isto não é discurso de esquerda e nem equivale dizer que todo bandido é sociologicamente justificado, mas menores que ainda não tiveram sua identidade totalmente forjada, ou melhor, que a tem pelo que apreendem do submundo não podem ser culpados por seus atos. Querô (apelido das ruas) quer ser Jerônimo (seu nome de fato), mas a realidade não dá tréguas. É o embate travado entre ser o que a sociedade impõe e estigmatiza e alguém melhor e além de sua condição social. Que alternativas o sistema oferece, afinal? Querô vai para a FEBEM e lá é brutalmente estuprado. O que seria uma chance de recuperação para o personagem neste momento? Li uma entrevista em que o diretor condena a questão da maioridade penal, pois seria como desistir destes meninos sem tentar. Querô ainda é capaz de amar e quando vê Lica (a garotinha por quem ele se apaixona) cantando como um anjo na igreja, em um momento de pureza e sonho para o personagem, a vontade de ser Jerônimo fala alto. Mas ser alguém sozinho é muito difícil.

É complicado para nós, classe-média, entendermos o que é este universo e perdoar quando uma pessoa de nosso convívio é assaltada de forma covarde. Mas o fato é que só se é capaz de sentir aquilo que conhecemos. Se amor, carinho, consideração e coisas tão primitivas como um teto, uma refeição nos é negado, o que resta é a revolta. “Raiva a gente não pede, a gente ganha”, nas palavras do próprio Querô. Aplausos para o diretor e sua câmera nervosa que divide a dor do personagem conosco e nos transporta para suas lembranças. A cena de estupro, que só será evocada através de curtos e confusos flashbacks, demarca a sensibilidade de Carlos Cortez. O escuro e o silêncio mostram tudo sem precisar mostrar nada.

E que um dia seja permitido aos Querôs serem Jerônimos. E para a platéia fica a mensagem da placa da estação de trem que aparece momentaneamente no filme, mas de maneira muito oportuna e subliminar: “pare, olhe, escute”.

sábado, 22 de setembro de 2007

Uh! É Bienal!

Fui no Riocentro hoje conferir a Bienal. Volto pra casa com a satisfação de um dever cumprido, um livro mais pesado (prêmio de consolo), e carregado de muitas boas impressões. Isso porque estava caindo de sono, com uma leve ressaca e fascite plantar em ambos os pés -também chamado de inflamação na fáscia plantar, ou ainda puta dor que só piora com o andar.
Cara, não sei se é porque fiquei muito tempo sem ir, já que eu tinha matado a última, e daí o público foi sempre assim e eu que tinha esquecido, ou -o que é mais provável- os freqüentadores pularam da categoria de muita gente pra gente pra caralho. Ponto pra gente!

À merda com todo esse papo que brasileiro não lê, não quer ler, e se contenta com o alienante veículo televisivo. Não vou discutir a qualidade do que se está sendo lido. Não cabe a mim papel de crítico nem de educador. Bicho, as pessoas tão indo em massa pra Bienal do Livro, estão de fato buscando leitura e, a despeito do que seja, ALGUMA leitura é sempre melhor do que nenhuma. Vendo aquele povo todo com sacolinha debaixo do braço, com livro, revista e o diabo a quatro, vendo isso meu coraçãozinho de comunicólogo puquiano sorriu otimista.
Outro lance ótimo: muita coisa pra criança. Leitura é hábito. E como todo bom hábito, é de pequeno que se aprende... Vale ressaltar aí a importância dos quadrinhos como veículo meio termo entre o livro mesmo, que tem bem menos atrativos pra criança, e a imagem.

Findo esse papo meio besta de 'vamos construir o país com cultura', outros achados bacanas.
1) Uma loja só com precinhos bem em conta, o nome é algo como 'livros por R$9,99'. Tipo, eles vendem QUALQUER coisa. Tem mangá, tem Paulo Coelho, tem livro espírita, enfim, aleatoriedades a preço de banana;
2) Lançamentos -que talvez só sejam lançamentos pra mim- de HQ de endoidecer qualquer nerd. Mas tem aquele velho problema dos quadrinhos: preços salgadíssimos;
3) Muitas coisas, muitas mesmo além de livros, que variam desde os tradicionais quiosques de alimentação até tendas digitais(?), o que quer que isso signifique.
4) Depois de Marley e Eu, já podemos ver Marley e Eu versão pra quadrinhos, o encantador de cães, um livro de um porco de estimação -em breve preparem-se para o inusitado Lilly e eu, zoofilia com uma chinchila, de minha autoria.

Finalmente, mas não menos importantes, algumas bizarrices da Bienal. (a)Aparentemente comprar livros é ideal atividade para casais; (b) aparentemente comprar livros é suuuuper alternativo, o fato que me leva a crer nisso é a enorme incidência de clichês com seus cabelos esquisitos, roupas esquisitas e (pasmem!) pares esquisitos; (c) em determinado momento o corredor ficou (mais) congestionado porque alguém do evento tava dirigindo um carrinho pela passagem.

Que v-i-a-g-e-m! Espero ter mais dinheiro em dois anos.

Ps. O livro que comprei foi 'Ragtimes', tenho razões pra crer que o PH deve gostar.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

John & Yoko - uma história de...horror! - o filme

O Youtube não cansa de me surpreender. “John e Yoko- uma historia de amor” é um clássico filme B e daqueles difíceis de achar. Eu era muito pequena quando vi pela primeira vez e como estava no auge da minha beatlemania (como início de namoro) qualquer coisa que mencionasse os Beatles, eu estava perdendo meu tempo. Na época, adorei o filme! Um detalhe muito interessante e hilário é que John e Yoko passou no SBT e todos sabemos como a emissora do Silvio tem um senso de ridículo bastante distinto, certo? Pois é...eles colocaram o mesmo indivíduo que dubla o Chaves para fazer a dublagem do John Lennon postiço. Agora, imaginem o John Lennon com a voz do Chaves? É realmente de matar! Me diverti muito revendo isso, pena não estar dublado!

_ Notem a cara dos “Beatles” quando John e Yoko estão se beijando! Os atores realmente têm uma interpretação muito sutil!_ Verdade seja dita, o filme foi muito gentil com a Yoko. A atriz escolhida não é feia. Até gosto da Yoko pelo simples fato de que ela foi a mulher do John e isto não é pouca coisa, mas ela não era o que poderíamos chamar de uma "mulher bonita"._ Ao mesmo tempo, o filme foi injusto ao confirmar Yoko como a grande destruidora do grupo. Ela foi no máximo um catalisador. Foram 10 anos de estrada e como lembrou meu colega de assessoria PH, os Beatles deixaram um “cadáver perfeito”. Quem disse isso mesmo, Pedro?_ O filme tem outros erros grosseiros que tirariam qualquer beatlemaníaco do sério, mas infelizmente (ou felizmente) não aparecem nesta humilde compilação. Um dos furos de que me recordo é do “John” lançando o álbum Help de bigode, visual que só adotaria a partir do Sgt. Peppers.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Então vamos falar de.

OK, senhores, já falamos de filmes, livros, CDs -e a contraparte desses, os diretores/atores/autores/músicos. Agora vou falar de duas descobertas pra lá de aleatórias:

Eis a primeira: http://postsecret.blogspot.com/.
Chamem de voyerismo, de falta do que fazer, atração barata. Eu chamo terapia.
Trata-se de um lugar pra onde as pessoas mandam cartões-postais. O lance é que eles são produzidos, desde a imagem até o texto, por alguém querendo dividir um segredo. As vezes coisas bobas, as vezes engraçadas, as vezes pesadas pra burro. Com o aval do anonimato, os casos pulsam 100% humanos.
Sei lá, achei bacana.

A segunda: Death Note. É um mangá que está saindo, acho que mensalmente. É uma série de 12 edições com um roteiro e arte bizarros -no melhor sentido.
Cai nas mãos de um garoto de QI Sherlock Holmes um caderno, o tal Death Note. Pelo nome já dá pra imaginar... Cada vez que se escreve o nome de alguém nele, a pessoa morre. Daí pro garoto começar uma cruzada contra o mal é um pulo, mas sem maquiavelismos.
Também dá pra conferir o anime, disponível no primeiro site da busca do google por Death Note.

Isto post, até a próxima.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Reparação - Ian McEwan

Finalmente li o tão falado livro do escritor britânico Ian McEwan, vencedor do Booker Prize de 1998 por Amsterdam. Considerado por muitos o melhor trabalho de McEwan, Reparação é, de fato, um clássico.

O romance começa em 1935 (alguns anos antes de eclodir a Segunda Guerra Mundial) e conta a história de Briony Tallis, menina inglesa de 13 anos com ambições literárias. Briony, com base na sua imaginação fértil e na confusão natural da pré-adolescência, cometerá um crime pelo qual tentará se reparar pelo resto da vida.

McEwan escreve fácil, levando o leitor pra onde quer, acelerando e desacelerando a narrativa quando bem entende. O ritmo não cai um só instante e o leitor fica ansioso para saber o que acontecerá nas páginas seguintes.

Briony é um personagem incrível; ao mesmo tempo ingênua e um gênio precoce. O leitor terá ódio da menina, mas logo a perdoará por perceber que tudo o que a caçula dos Tallis faz é buscar aceitação daqueles que a superprotegeram por tantos anos.

Mas o que mais me fascinou foi a delicadeza do texto. Confesso, tiveram partes em que eu quase chorei, e olha que isso é difícil. É emocionante mesmo, sem ser nem um pouco piegas. Acompanhar os pensamentos daqueles personagens é uma experiência deliciosamente triste. E a descrições da Segunda Guerra... putz!

Lindo! Mas não espere nada arrebatador; a beleza de Reparação se encontra na sua sutileza. A mensagem final é clara e dura. Ficou ecoando um tempão e ainda dá um aperto no peito:

Não, o tempo não apaga tudo.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Vinicius, Baden e Odette

Pra quem não sabe, sou uma compradora compulsiva de CDs. Quando estão em promoção, principalmente. Meu maior prazer é vasculhar as lojas até encontrar um bom e barato CD. Foi numa dessas garimpadas que, na última sexta-feira, encontrei um álbum até então desconhecido por mim: “Vinicius e Odette Lara”.

Foi uma surpresa saber que a atriz também cantava. Talvez, ignorância minha. E que surpresa boa! Odette se entrega às interpretações sem exagero. Canta com leveza e, ao mesmo tempo, convicção do que diz. Vinicius de Moraes canta forte, com um astral pra cima. Nem parece aquele Vinicius triste, que tanto sofria por amor. As canções - vocês não vão acreditar! - todas dele e de Baden Powell. Nessa época, o violonista se consagrava como compositor e um dos grandes parceiros de Vinicius. O repertório foi escolhido a dedo. Além das clássicas “Berimbau”, “Samba em Prelúdio” e “Samba da Benção”, há algumas pouco conhecidas, mas muito bonitas, como “Deixa”, “Seja Feliz” e “Além do Amor”.

O disco é o resultado da mistura de música, poesia e interpretações primorosas dos dois cantores. Foi lançado em 1963 com selo da “Elenco”, produção de Aloyzio de Oliveira e arranjos de Moacir Santos. Por tudo isso, é, sem dúvidas, um clássico da nossa música. E eu, muito ingênua, só percebi isso agora, enquanto termino de escrever esse texto.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Caio F. no Festival do Rio

Dizem que adaptações de grandes romances costumam decepcionar nas telonas. Há algumas exceções, diga-se antes, mas em geral as surpresas não são lá muito agradáveis. Tentarei abandonar qualquer pré-julgamento para assistir "Onde andará Dulce Veiga?", adaptação de Guilherme de Almeida Prado para o romance homônimo de Caio Fernando Abreu. A estréia será no Festival do Rio, no dia 23 deste mês, em sessão popular no Cine Odeon. A principal notícia sobre o filme que pipoca pelos veículos de comunicação (vejam como é a imprensa) é a de que Carolina Dieckmann aparece nua. Ela pode ser muito gostosinha, mas interpretar a roqueira drogada e lésbica Márcia Felácio parece muito para o caminhão dela... Bom, eu disse que não faria pré-julgamentos.

O livro, lançado originalmente em 1991, é eletrizante, repleto de personagens misteriosos e grandes sacadas textuais e intertextuais de Caio. Um prato cheio para quem procura uma leitura aparentemente leve, mas carregada de profundidade e referências do mundo pop. Na trama, um jornalista decide descobrir o paradeiro de Dulce Veiga, uma atriz e cantora que desapareceu misteriosamente nos anos 60. A busca se revela profunda quando o personagem compreende que precisa descobrir muito sobre si para encontrá-la. Segundo o próprio autor, o romance foi concebido com franca ambição cinematográfica. Enquanto produzia o livro, ele trocou cartas com o amigo Guilherme falando sobre as suas pretensões. “E pense em Dulce Veiga, antes que algum aventureiro lance mão!”, escreveu em uma das correspondências. Foi uma das melhores leituras dos últimos meses.

O elenco conta ainda com Maitê Proença (no papel de Dulce), Christiane Torloni, Júlia Lemmertz e Eriberto Leão. Não é lá dos melhores, vou apenas na certeza de conferir um bom enredo.

Foto: Caio Fernando Abreu/ Divulgação.

domingo, 16 de setembro de 2007

Tropa de Elite

Está feito. Assisti o diabo do filme.

As boas duas semanas de atraso (entre os camelôs começarem a vender e eu assitir ‘Tropa de Elite’) deram tempo pra eu ouvir por várias vias a história inteira do filme. Eu podia dizer junto com as personagens: ‘o senhor é um fanfarrão’; ‘na cara não pra não estragar o enterro’; ‘seu maconheiro filho da puta’; etc e tal.

Gostei do filme. Descontado o prévio conhecimento do roteiro, a iluminação imprópria e um som pra lá de doido, baixando e subindo quando queria –era um pirata, né- descontando tudo isso, o bonequinho aqui fica sentado mesmo, mas sorrindo divertido.

É bacana, empolga, gruda na cadeira. Não, não dá vontade de entrar pro BOPE, seja lá o que o seu amiguinho psicopata possa ter declarado. Na ação, verdade seja dita, é eletrizante: atira corre corta a cena pula rola atira morre. Entre incursão e outra, os atores dão um banho, impressionam mesmo. Isso tudo na história que, se não surpreende com grandes viradas ou reviravoltas, consegue fazê-lo por sua proximidade tão íntima com o mundo real, em que o bangue-bangue mata. Mesmo.

Resumo da ópera: diversão garantida no ambulante mais perto de você!

Ps. Nada a ver com cinema: Pergunte ao Pó vale a leitura. Motivos: 1) é rapidinho; 2) o Bukowski elogiou; 3) algumas passagens impagáveis (“Certo, uma prece: por motivos sentimentais. Deus Todo-Poderoso, lamento ser agora um ateu, mas o Senhor leu Nietzsche? Ah, que livro!”). O filme, por sinal, é uma merda.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Entrevista com o Lobo Mau (?)

Empenhado na divulgação do Peidei (mas não fui eu) e devidamente vestido com a camisa do “movimento”, Lobão chegou para a entrevista que havíamos marcado na livraria Argumento, no Leblon. A princípio, queria evitar temas polêmicos, coisas como jabá, numeração de cd, política, religião, enfim... Queria um papo sobre música, apenas isso. Pura ingenuidade desse jovem repórter. O compositor fez questão de mandar a minha pauta para o espaço a cada resposta que mais pareciam seríssimos/ hilariantes fluxos de consciência. Ele falou de tudo e mais um pouco, não teve jeito.

E para quem duvida, Lobão foi um gentleman, pagou minha bebida (que vergonha, um suco de laranja!), tirou fotos e autografou meu Acústico MTV. O comportamento do Cordeirão, digo, do Lobão permitia a quebra desses protocolos.

A reportagem estará disponível no site Estação Pilha daqui a duas semanas. Por enquanto, fiquemos com algumas pérolas.

“Nós não temos no Brasil nenhuma manifestação poderosa de virilidade artística. Tudo é rebolativo, curvilíneo e circuvoluntório. É tudo brejeiro. Ou é o chorinho que é brejeiro, carinhoso, ou é Gente Humilde e as músicas de protesto brasileiro que são mais hinos de autocomiseração, de peninha de si próprio do que outra coisa. (Começa a cantar) Caminhando e cantando, eu sou um coitadinho e vocês são meus algozes, ou então, o que será que será, ó que tristeza! É a comiseração pela singeleza do pobre, o embevecimento pela singeleza da pobreza”.

“Chico Buarque é uma criatura arcaica. Se ele fosse para o século XIX para fazer uma seresta, poderia competir com Chiquinha Gonzaga. O Noel Rosa é muito mais moderno, muito mais arejado, malandro, ele todo deprimido e parnasianíssimo. Olavo Bilac é um homem de vanguarda perto do Chico Buarque”.

“Hoje a intelectualidade bossa nova compra o disco do Chico, vai ao show da Marisa Monte e vota no Lula”.

“Eu quando falo que o rock tem poder de síntese, é como Einsten fez E=mc2. É como se o cara tivesse tocando guitarra e outro chega e fala: “mas isso não pode ser uma coisa confiável, é muito pequenininho”. É assim que o cérebro do intelectual brasileiro funciona. Tem que ser muito confuso. O cara que tocar um lá maior é um nada. Você tem que fazer acordes aracnídeos para subscreverem sua dignidade intelectual. Isso tudo é muito caipira. Eu estou tentando fazer ruptura contra isso desde que comecei”.

“O jovem está sempre querendo comer uma menininha de maneira escusa. Come logo! Toca uma guitarra em vez de ser esquerdista. Faz um rock’n’roll. Tem sexo, drogas e rock’n’roll. Tá na seara da parada. Me dá um baseado, me dá um whisky e me dá uma boceta, vamos nessa! O que será que será viva o Zé Dirceu pra comer uma mulher? É mais fácil colocar um I can’t get no satisfaction (risada maquiavélica)”.

“A melhor música do Los Hermanos, Anna Júlia, é Beatles, lindo! É agora eles têm umas marchas de carnaval super deprimentes, as pessoas adoram... E olha que eles são bons músicos, são bons compositores, acredito que eles estão num inferno astral, nesse compromisso de universotarisse, que deixa a pessoa com cara de otário mesmo. Eu falo isso com amor, não estou falando cinicamente”.

“Machado de Assis era um cocô. As pessoas ainda perguntam por que ele não ganhou um prêmio Nobel. Ele era um deprimido, um mulato epilético deprimido, que queria dar a bunda pra comer uma mulher lá do Flamengo e não conseguia. Aí fica um monte de intelectual discutindo o olhar de Capitu porque é muito louco, muito louco...”.

“Eu sei todas as discografias daqueles que eu falo mal, eu duvido que a recíproca seja verdadeira. Tantos os discos quanto os livros. Eu li e treli Machado de Assis porque eu não tinha nada o que fazer. Eu tinha duas coleções do Machado e do Eça. Batia punhetas e ficava lendo. Não tinha mais nada o que fazer”.

Cabul é logo ali - crônicas da aconchegante capital afegã

Quando solicitei verba para viajar ao Afeganistão, nosso editor-chefe não só recusou de imediato como ameaçou reduzir meu polpudo salário caso eu pedisse mais dinheiro. Logo, minhas crônicas sobre a cidade que dá metade do nome ao blog vão ter que ser feitas daqui do Rio mesmo.

A Wikipedia (www.wikipedia.org) – fonte de imensa credibilidade - não ajudou dessa vez, como ajudava nos tempos de colégio. “Cabul ou Kabul (em dari کابل) é a capital e maior cidade do Afeganistão. Cabul é também a capital da província de Cabul. É a capital afegã desde 1773.” O verbete é pobre, mas a cidade não mais.

Desde que os simpáticos seguidores do talibã deixaram de administrar o país, retirados pelo sempre gentil governo George Bush, a cidade não pára de se vender ao Capitalismo. Hoje em dia, o povo pode ouvir música, empinar pipa, usar internet e até plantar papoula (matéria-prima do ópio), coisas que os talibãs proibiam.

Percebendo o imenso potencial de marketing que possuía a capital do Afeganistão, o novo governo e capitalistas sedentos por riqueza criaram a franquia Cabul, hoje sucesso no mundo inteiro. Basta uma busca no Submarino (www.submarino.com.br) que você encontrará 7 resultados de livros com Cabul no título.

O Livreiro de Cabul, Cabul no Inverno, Eu Sou o Livreiro de Cabul e o Salão de Beleza de Cabul fazem grande sucesso de vendas aqui nas terras tupiniquins, sem contar com o best-seller O Caçador de Pipas, que só não tem Cabul no nome porque o título ia ficar grande demais. Imagina: O Caçador de Pipas de Cabul. Não ia ficar legal.

Para aqueles que querem escrever seu próprio livro-Cabul, é bom saber que o preço da franquia é bem salgadinho. Nós mesmo, aqui no blog, pagamos alguns milhares de dólares mensais para que o receptivo povo da capital afegã possa comprar pipas e plantar papoula, o maior produto de exportação do Afeganistão.

Quando nosso editor-chefe decidiu qual seria o nome do blog, eu falei que era melhor outro Canteiro mais em conta. De repente Istambul (que rimava) ou algo mais sonoro como Canteiro Papua-Nova Guiné. Ele não gostou da intromissão, ameaçou reduzir meu polpudo salário e me chamou de coisas desagradáveis. O PH e o Nuno não se manifestaram e me chamaram de coisas desagradáveis também. Puxa-sacos.

Ficamos por aqui, meus 3 leitores (minha namorada, minha mãe e eu)! Em breve traremos mais crônicas da mais pop das cidades do Oriente Médio.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Meu primeiro post

Ótima essa idéia do Marcio e do PH de criar um blog. Já tem um tempo que estou sentindo necessidade de escrever. Passei quatro meses fazendo texto para TV. É legal, mas sempre me sentia limitada, presa àqueles três ou quatro offs, onde eu tinha que contar o assunto de maneira superficial. Pra mim, nada como um texto longo e explicativo. Sem que fique chato, claro. Mas é preciso treinar.

Quando o Márcio me convidou para escrever aqui, topei na hora. Mas em seguida veio o medo. ”Sobre o que eu posso escrever?” Eu não sei muito sobre nada. Fico com medo de definir um assunto e as idéias acabarem. Em compensação, isso me forçaria a estudar mais sobre o tal tema. Tá, eu gosto de cultura. O PH já vai escrever sobre música. Pensei em escrever sobre Teatro. Durante sete anos, fui uma pseudo-aprendiz-de-atriz. Fiz teatro em Uberaba, minha cidade natal, dos 11 aos 18 anos. Adoraria me arriscar a escrever sobre as peças que estão em cartaz. Mas eu quase não vou ao teatro. Os ingressos estão muito caros para uma estudante de jornalismo, agora desempregada. Então, decidi que vou escrever sobre qualquer coisa e de tudo um pouco. Se um dia for ao cinema, falo sobre o filme. Se for ao teatro, falo sobre a peça e assim por diante. E se quiser falar sobre política ou cidade, vou falar. Afinal, não sou especialista em nada. Estou aqui para fingir que sei alguma coisa. Um jornalista engana que entende sobre um assunto. É um especialista em generalidades.

Excelente a iniciativa dos meus amigos! Esse blog veio na hora certa. Agora que estou me dedicando aos estudos, vou incluir o site nas prioridades do dia. Para isso, vou precisar ir mais ao cinema, ao teatro, andar mais pelo centro do Rio,ler mais, ouvir mais e mais música. Nada mais agradável para quem estava querendo descansar a cabeça e aumentar sua bagagem cultural. Só falta marcar uma cerveja com os colaboradores para comemorar a nova fase.

PS: Também não gostei do nome. Mas gostei da explicação dos meninos. Então, vamos ficando com esse, enquanto não vem uma idéia melhor.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Cartas na Rua

"Este é um trabalho de ficção, dedicado a ninguém"

Segundo livro do Bukowski em duas semanas. O outro foi uma seleção de contos, 'Numa Fria'. O de hoje foi seu primeiro romance 'Cartas na Rua'.

Quer saber? Diverte pacas. Apesar de toda sua grosseria e escrotidão (e talvez mesmo por elas) ele vai num livro manso, palavras fáceis, como quem não quer dizer nada a ninguém. E vai não dizendo ao longo de 150 páginas que voam, o sujeito perdido, (sobre)vivendo entre bebidas & cavalos & mulheres & gente escrotinha - ele também nesse último grupo.

E nessa luta ele goza, enraivece, bate e apanha. E não sofre. Escondido num gigante escudo de resignação diz que a vida é uma merda, mas diz como uma constatação, não um lamento. E vai comendo pelas beiradas ridicularizando a si próprio e ao mundo, sem orgulho nem pecado.

O que há de novo então em seu mais velho romance? Nada. OK, pra não ser injusto: o Henry Chinaski da vez trabalha nos correios. Só.

Fica a sugestão para leitura de banheiro. Penso que ele acharia apropriado.
Ps. Nesse livro, edição velha pacas da Brasiliense, tem uma foto do Cara. Se querem saber, não parece tão durão assim. No ringue Hemmingway X Bukowski, apostava no primeiro fácil. Vitória por nocaute no segundo round.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Canteiro Cabul

Versão não-oficial de número 23
(Por Marcio Nolasco)

Canteiro Cabul é a total ausência de um nome melhor. Canteiro Cabul surgiu por geração espontânea. Canteiro Cabul soa bonito. Sei lá, eu gostei.

Canteiro é ali do lado, Cabul é longe. Essa eu pensei agora. Gostei.


Versão não-oficial de número 14
(Por Nuno Coimbra)

Canteiro Cabul.

Por que Canteiro?

Sei lá, canteiro de flores, canteiro de obras, canteiro de canto... Escolha a metáfora que mais convier ou todas juntas.

Por que Cabul? Cabul anda assim, meio famosa por aí. Cabul tem livreiro, tem menino, tem caçador de pipa, tem cabelereiro, tem até muçulmanos etc&tal. Cabul é pop! Cabul é bum! (Com todo o terrorismo incontido da onomatopéia).

Cabul é.

Daí o nome:

Canteiro Cabul



Versão Oficial
(Por Pedro Henrique)

Minha opinião mudou muito rápido. Será que sou volúvel??? Na empolgação da escolha eu adorei Canteiro Cabul. Foi uma alegria geral. O significado mais imediato (e pseudo) desse nome é "algo marginal e caótico, explosivo". Não disse nada na hora, mas o canteiro, na verdade, foi inspirado em uma música do Fagner. Pronto, falei. Dez minutos depois passei a achar a idéia abominável. Não gostei e continuo não gostando, mas sei lá, vai que pega... Vamos dar uma chance aos garotos!